A ANIMAÇÃO COMPLETA E IMEDIATA EM SÃO MÁXIMO O CONFESSOR
Escreve o santo oriental:
“Isso me constrangeria a dizer, como consequência, o que não me é lícito dizer, isto é, que Nosso Senhor e Deus, se verdadeiramente quis tornar-se homem como nós com exceção do pecado [Hb 4,15], foi, no momento da concepção, homem privado de alma e privado de intelecto, e permaneceu nesse estado por quarenta dias, enquanto os nossos santos Padres e mestres abertamente gritam, ou melhor, grita a verdade que se exprime e é expressa pela sua boca, que contemporaneamente à vinda do Verbo de Deus no momento da concepção, sem intervalo de tempo o mesmo Senhor e Verbo de Deus se uniu à carne com a mediação da alma racional.” (S. MÁXIMO O CONFESSOR, Ambigua, 42, PG 91, 1341.)
Ou seja, se Cristo certamente foi animado imediatamente com alma humana completa, também nós fomos porque apenas o pecado nos diferencia de Cristo. E também ainda antes disso:
“Se afirmais que o embrião possui somente a alma nutritiva e acretiva, segue desse vosso raciocínio, evidentemente, que o corpo nutrido e acrescido é o de uma planta e não o de um homem. Se, porém, vós atribuís ao embrião somente a alma sensitiva, então resultará que o embrião no momento da concepção possui certamente a alma de um cavalo ou de um boi ou de um outro animal terrestre ou volátil, e portanto, segundo vós, o homem na primeira formação do embrião não será por natureza pai de um homem, mas de uma planta, como estava dizendo, ou de um animal da terra. Que coisa poderia ser mais absurda ou mais estulta do que isso?” (Ibid., 1337.)
Com esses sólidos argumentos, vemos que a animação completa e imediata é a mais conveniente e certa. Se Santo Tomás de Aquino lesse essa luminosa obra, provavelmente defenderia essa doutrina.
Citações extraídas de: LUIZ CARLOS LODI DA CRUZ, A alma do embrião humano – A questão da animação e o fundamento ontológico da dignidade de pessoa do embrião, Anápolis-GO, Múltipla, 2013, pp. 276 e 173-174.